É hoje voz corrente, na generalidade da Comunicação Social, em artigos de opinião, na blogosfera, nas redes sociais e até no seio dos militantes do partido do governo (ainda que “à boca pequena”), que por muito menos o Presidente Sampaio dissolveu o parlamento, originando a queda do governo de Santana Lopes.
Poder-se-á questionar o significado desse “por muito menos”.
A verdade é que, desde 2005, muitos foram os “casos” que envolveram o PM, o governo (ou alguns dos seus membros) ou ambos… mais recentemente começaram a tornar-se, também, evidentes casos que envolvem figuras de segunda linha que, directa ou indirectamente, nos conduzem a São Bento.
E, se à época, a decisão presidencial se escudou numa aparente instabilidade governativa, nas demissões de alguns altos cargos e na “falta de legitimidade” do PM, por não ter sido eleito, a verdade é que a cadência de “casos” que José Sócrates, directa ou indirectamente, tem protagonizado supera largamente a bitola usada por Jorge Sampaio. Será importante ver, nos próximos meses, qual
É certo que Sócrates conseguiu, para o PS, o que nunca havia sido alcançado – uma maioria absoluta… é quase certo que será igualmente o primeiro líder político a experimentar o processo inverso da Alquimia: o “menino de ouro” vai, seguramente, transmutar-se num metal de pouca valia; para o PS e, principalmente, para o país.
Quem já leu a obra mais conhecida de Maquiavel, o Príncipe, seguramente que se deparou com a referência que o autor faz ao tirano de Siracusa – Agátocles.
Dele ficamos a conhecer, pela leitura do capítulo VIII do livro, a sua origem, a sua progressão no exército, a forma como conquistou o poder e o manteve. Poder-se-á questionar se Maquiavel o refere, na obra, como um exemplo positivo ou negativo de um Príncipe. Independentemente desta questão interpretativa, não resisto a citar o autor quando afirma que: “(…) não se pode dizer que seja virtude mandar matar os seus concidadãos, trair os seus amigos, não ter palavra, nem compaixão, nem crença; assim, pode conquistar-se o poder, mas não a glória.”
Salvaguardando, sempre, as devidas distâncias questiono-me: haveria diferença se Sócrates se chamasse Agátocles?
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